Resultados
Modelação
Estufa
É nos ensaios de estufa onde, até o momento, foi possível testar com maior sucesso as interações ecológicas predominantes entre as duas espécies. Verificou-se que o Sobreiro e o Pinheiro-manso exploram perfis de solo muito diferentes: o Sobreiro investe no desenvolvimento de uma raiz pivot, bastante lenhificada, que procura a água em profundidade e explorando as zonas mais profundas do vaso; o Pinheiro-manso apresenta um sistema radicular do tipo fasciculado com grande desenvolvimento de raízes laterais ao longo de todo o perfil do vaso.
A micorrização abundante do pinheiro–manso teve impactes positivos no crescimento do Sobreiro em mistura interespecífica. Durante o primeiro ano do ensaio, pareceu predominar uma interação de facilitação do pinheiro sobre o Sobreiro, potenciada pela micorrização do pinheiro (provavelmente desencadeada por alterações do microbioma do solo mas desconhecendo-se os mecanismos associados). Quando o espaço do vaso e a competição pela luz se tornaram limitantes, o Pinheiro-manso competiu fortemente com o Sobreiro. Estes sobreirinhos em forte competição aérea com o pinheiro apresentaram um rácio raiz/parte aérea muito elevado, o que pode constituir uma vantagem competitiva face a condições de seca (mais raízes e menos folhas).
Campo
Relativamente aos resultados de campo recolhidos até ao momento, verificou-se que a incidência de cobrilha foi inferior em povoamentos mistos de Sobreiro e Pinheiro-manso, em comparação com os puros de Sobreiro, ainda que as diferenças não tenham sido significativas. É necessário continuar a recolher dados em parcelas com diferentes tipos de pastoreio (nomeadamente, o bovino) para consolidar as observações obtidas para o índice de ataque de cobrilha. Em relação à pinha, os dados recolhidos até ao momento, relativos ao Grupo Operacional Fertipinea (já terminado), indicam que os danos nas pinhas (maioritariamente causados por dioryctria, pissodes e diplodia) foram também superiores em povoamentos puros. De salientar, que estes dados são também preliminares sendo necessário continuar a recolher informação para os consolidar.
Nesta tarefa pretendeu-se criar uma carta de distribuição potencial de florestas mistas de Sobreiro e Pinheiro-manso. Os modelos utilizados basearam-se na relação estatística entre a presença ou ausência das duas espécies e as diferentes variáveis edafo-climáticas. A escolha destes indicadores ambientais fundamentou-se numa revisão bibliográfica, na testagem do seu potencial e na eliminação das variáveis mais correlacionadas entre si.
A calibração dos modelos para a área de estudo permitiu encontrar uma relação significativa entre a ocupação de ambas as espécies com a percentagem de areia no solo, em simultâneo com a média das temperaturas máximas diárias (ºC) para o Pinheiro-manso e a média da precipitação acumulada anual (mm) para o Sobreiro. A aplicação dos modelos para Portugal continental mostra uma sobreposição da distribuição potencial de ambas as espécies em extensos territórios do país, nomeadamente nas áreas interiores e adjacentes às bacias do Tejo, Sorraia e Sado, nos areais litorais no Oeste e também em algumas regiões da Beira Alta. A elevada antropização do território foi um dos grandes constrangimentos ao sucesso deste exercício de modelação.